quarta-feira, 5 de março de 2008

In Diferenças


Ao conversar com um querido conhecido, sentir-me-ia numa época diferente, pois, seus conceitos eram progressista-realistas de forma que me inseri num contexto social que já existia a séculos, só eu não percebi... Falávamos sobre a juventude, na verdade ele falou. E nesse momento estava quase na ditadura numa conversa secreta de guerrilheiros, além de esperanças e revolta, havia inteligência e coerência, havia identidade.

“- Os jovens querem o seu melhor, eles só não sabem o caminho, só não sabem como se expressar...”.

O que mais o indignava era a indiferença, os preceitos que na prática eram diferentes dos discursos, nossos próprios discursos... Dizer que vamos lutar pela indiferença custe o que custar... E quando presenciar o seu chefe tratando um indivíduo desse modo? Como protestar! Seria por isso promovido ou perderia o emprego, uma referência? Num discurso momentâneo quem sabe sua resposta seria “promovido” e na prática? Num país tão... Essa conversa foi longa...

Há indiferença... Isso se sabe, tal qual sabemos que existem uns com muitos outros com poucos... Sabemos que há humilhação que há cobiça... Tudo o que nós já sabemos nem mesmo importa, já estamos indiferentes...

Começar a falar do país nem mesmo caberia aqui, primeiro porque você logo pularia parágrafos, já escutamos tanto, tudo a mesma coisa com palavras diferentes, não queremos mais escutar o que já imaginamos saber até demais e então tudo sobre o país não é mais novidade. Uma notícia nova: “Fulano roubou bilhões dos cofres públicos” Ah! Isso eu já sabia, muda o canal, não, vamos assistir um DVD?? Mas como você sabia?? Bom! Eu vi isso ontem, ou foi semana passada... Acho que era a mesma notícia, se não for, o país é rico mesmo, ou são milhões ou bilhões... Lá vem o moralismo... "Eu não faria isso, lutaria pelo povo com unhas e dentes...” Mais discursos... Tudo vira o que já virou, passa a ser o que já passou, uma notícia que ninguém mais quer ouvir... Textos como esse que ninguém tem mais paciência para ler.

“ – (...) num encontro de jovens que ocorria três dias a cada mês... A menina fechada se debruçou em lágrimas e nos contou sua história. Mas isso no nosso dia-a-dia corrido... Não temos tempo de prestar atenção nas pessoas... A não ser para julgar antecipadamente e superficialmente o caráter pelo jeito, se eu mesmo tivesse visto ela numa praça, jamais me aproximaria, me pareceu no início uma pessoa de difícil relacionamento...”.

É interessante quando analisamos aspectos significativos de nossas vidas, das pessoas que não surgem, das que surgem, da importância que damos a ambas... Às vezes damos a elas exageros de qualidades, outras vezes apenas ganham a nossa indiferença... Pra quê querer saber? Pra quê? Um só não vai mudar mesmo... Uma conjuntura de podridões só seria lavada com um grupo de lavagem “UM GRUPO”. E não apenas um funcionário, pois estando só, além de demorar mais para limpar, algumas coisas por preguiça ou façanha vão ficar debaixo do famoso tapete...

 

(...)

O que mais tenho receio é essa falta de amor, de companheirismo disse-me ele. Vi numa reportagem um censo em que perguntava se os jovens hoje queriam um companheiro(a) ou sexo. 80% dos jovens brasileiros responderam que queriam um companheiro, isso me surpreendeu... Eu busco uma companheira, mas não pensava que 80%... Talvez seja verdade, eu até acredito, o problema é que nunca achamos encontrar aquela pessoa que realmente é nossa companheira... Na minha realidade julgam não “o que tenho” e sim “o que eu não tenho” (risos)... E conversamos rimos, quase choramos... Contou-me ele que gosta muito de histórias de superação.

“(...) ele tinha uma doença de atrofiamento muscular quase não se via o tronco malmente os membros e foi campeão de Matemática, recentemente ganhou medalha de ouro. Ele primeiro estudou com sua mãe, entrou na escola tarde... O entrevistador perguntou qual era a fórmula de seu sucesso, ele respondeu quase sorrindo: Bom! O segredo é ter paciência, ir devagarzinho e enfrentar um problema de cada vez...”

Isso acontece conosco, queremos solucionar tudo de uma vez ou o mais rápido possível, se pudéssemos resolver tudo em uma hora estava tudo certo! E essa busca por independência? Saímos da casa dos pais, acabamos indo pra casa de uma irmã ou parentes... Depois da luta num trabalho qualquer ás vezes indigno de nossa capacidade pessoal, e depois conseguir aquela faculdade que tanto desejamos, daí depois buscar o emprego desejável, e aí já somos adultos e outras responsabilidades, e se vai indo e indo, sempre buscaremos alguma coisa... Sempre querendo resolver tudo de uma só vez...

Às vezes nossos pais perguntam o que tanto conversamos que passamos uma, duas horas com um amigo? E que quando vê-los novamente nem vamos ter mais o que conversar, acham que em dez minutos, meia hora no máximo, já está bom... Porque os pais esquecem do que passaram quando eram jovens? Será que eu vou esquecer? Meu Deus não me faça esquecer... Nem me faça esperar duas horas para falar com um(a) filho (a). (risos) (risos)... É complicado! Principalmente porque em nossas conversas profundas, secretas de guerrilheiros ou reveladoras nem vemos o tempo passar tanto assim... Parece duas horas ser em dez minutos ou meia hora...

Mas sem esquecer que quem está de longe logo vai comentar... Dois amigos (um rapaz e uma moça): Estão namorando. Se ele for casado ou vice-versa: Estão tendo um caso. Duas amigas: São lésbicas ou estão atrás de namorados... Dois amigos (dois rapazes) talvez devido ao conhecido machismo nenhum comentário, mas dependendo: São gays!

Velhas conversas que todos já conhecem, deve ser por isso que eu já estou indiferente quanto a isso, indiferenças às vezes são díspares em seus significados...



É... Engraçado quando nos despedimos: “-Me dê seu msn Ket...” “-Fui proibida de meios de comunicação em massa dilon...” “-Porquê?” “- Ditaram-me que estava usando-os demais...” “- Você esta numa ditadura, é repressão...” “- O que posso fazer, tenho 17 e não tenho independência” “- tenho 20 e continuo sem ter ainda...” “-Essa juventude!”.


Se formos viver só de revolução...”.

“-Obrigado por conversar comigo Leandro...”. “-Não, obrigada por me escutar Ketlin...”.


Despedimo-nos com um ar de graça, leveza e desprendimento adolescentes... Embora cansados e revoltados... Nossas faces exalavam sem sentido uma consolação... E aquela, onde somente de expressar sonhos e lutas, paradigmas e como poderia ser feito, como deveriam agir os governantes, ou como o Brasil é isso ou aquilo... É quando achamo-nos cidadão por apenas cogitar que isso deveria ser assado ou cozido, quando nos achamos importantes em discutir algo sobre nós, sobre o nosso país. Falamos dentre isso demais coisas que necessitaria ser transcrita em teses. De como alguns jovens como nós não vivem de muitos sonhos e o quanto é preciso se agarrar numa chance e fazer dela oportunidades ou como é tão fácil sentar-se num bar beber, barbarizar, fumar, fazer vandalismo cobrando moralismo, contar piadas sem pudores e dizer:


“-Faço isso porque sou jovem...”.

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