sábado, 12 de janeiro de 2008

DECEPÇÃO


As pessoas mais próximas que admiramos, às vezes são aquelas que mais traem a nossa confiança!

Quem me dera apenas ter admiração por ícones da música como Ana Carolina, autores famosos como Drumonnd, exemplo de coragem como Joana Dar’c e etc... Pessoas as quais admiro pelos feitos, outras qualidades do meu imaginário ou não e tão somente por isso. Teria que conviver com eles para que enfim pudesse me decepcionar e vê-los como seres humanos dotados de defeitos e fraquezas. E não como seres perfeitos ou quase perto da perfeição.

Verdade! Poderia viver e apenas admirar esses e outros do meu conceito. Mas o que posso fazer! Admiramos mais do que essas pessoas quase inacessíveis ou inalcançáveis. Admiramos nosso amigo, nosso pai, mãe ou namorado(a). Nossos irmãos(ãs) de sangue ou não. Nossos amores escondidos, nossos professores e etc. E acabamos descobrindo que mesmo com virtudes significativas, não são seres perfeitos. Não estão sempre de bom humor, nem sempre prontos para nos ouvir e nos entender. Nem sempre farão sacrifícios por nós como nós faríamos por eles. Nem sempre vão compreender nossas escolhas, nem sempre vão nos ajudar da forma que idealizamos.

Esses seres não são perfeitos simplesmente por que nos fazem sofrer, chorar, ter raiva, se angustiar, preocupar-se... Daí viram apenas familiares, amigos(as), colegas, namorados(as) chatos, mas agüentáveis até determinado tempo. Não mais que problemas e soluções. E passamos a dar muita importância às poesias de Drumonnd, as músicas de Ana Carolina, tirando exemplos de Joana Dar’c e etc...

Ai de nós! Se descobríssemos os rascunhos de Drumonnd, o mal-humor de Ana Carolina. Os feitos escondidos de Joana Dar’c... Aí diríamos que são imperfeitos, que não fazem parte do nosso conceito. Que são dispensáveis, e continuaríamos a procurar outros... Clarice Lispector talvez. Não, não... Ela fumava... Quem sabe Cecília Meireles, Nietch... Continuaríamos a admirá-los pelo que fizeram e não pelo que são. Pois, não são perfeitos se formos considerar o que consideraríamos defeitos neles.

São melhores do que nós, estão perto da perfeição, temos eles para que possamos nos espelhar...

Não podem ser apenas Carlos, Ana, Joana, Clarice, Cecília, Nietch... Tem que ser simplesmente o que fazem. Se não teríamos que amá-los do jeito que são, da maneira a qual expressam-se seus outros lados na vida cotidiana, seus sofrimentos, suas paranóias, suas faltas, seus esquecimentos...

Pra que tanta filosofia minha... Gosto do que fazem, da maneira como fazem, do jeito com que se expressaram. Não os amo pelo que são na vida, eu não sei “como eles são”. Não os amo pelo que fizeram ate chegar aonde chegaram. Não sei o que fizeram. E quem sabe nem queira saber, para não desmistificar as minhas ilusões. Para não ter que sofrer inconsoladamente com uma traição (seja de qual magnitude for). Para não ter que perdoá-los. Pois, isso é difícil, muito difícil. Pra não ter que fingir que esqueci daquela traição e finalmente ter que amá-los como são ou fingir-me como sou.

Pra não ter que dizer o quanto suas atitudes foram sórdidas e machucaram... Dizer isso pra quem está tão próximo, não deixa de ser desafiador. Principalmente se antes nós admirávamos e hoje descobrimos que não são perfeitos ou quase perto da perfeição. E que nem chegam a querer o nosso bem, considerando o que achamos que eles considerariam.

O jeito é agüentar e tentar fugir. Sim! Tentar, e até lá agüentar os defeitos de caráter dos outros. Nada de tentar fazê-los te entender... Não funciona! Eles são defeituosos como nós.

Daí! Vamos pra uma vida diferente, uma casa diferente, conhecer pessoas diferentes. Que vão nos fazerem felizes, mas também vão nos fazer sofrer, logicamente. Pois, não são cantores famosos, nem escritores de peso, nem artistas consagrados, nem tem fama na “avenida do sucesso”. São normais pros outros, que apontam seus defeitos e pra gente que amamos como eles(as) realmente são: “Vemos o quanto consideramos eles especiais”. Perfeitos pra nós mesmo com seus defeitos. O outro pode não entender e considerá-los pelas coisas que ouvem dizer sobre... E novamente nunca os acharam o homem ou a mulher perfeita como achamos. Não são reconhecidos, eles “irreconhecem” como somos. Podem reconhecer o que expressam sobre... Trate de ser famoso, ou fazer alguma coisa que os outros acham importante, trate de ser como os outros querem que seja, porque se for como você acha que você é: “Vai ser perfeito, porque ficará famoso”. Ninguém vai saber o que passou pra chegar aonde chegou...

Quantos nãos e quantas decepções tive na vida... Por quantas cobras teve que passar... Por quantos anos teve que agüentar os venenos... Mas, sendo famoso será considerado “perfect”! Até pela família, quando os outros nos admiram é que as pessoas mais próximas passam a dar valor, se os outros lhe têem como errado, estranho, vergonhoso. Bom! Os que forem mais próximos não vão gostar de escutar isso. Então vão tentar mudá-lo. Isso normalmente acontece quando fazemos o que achamos ser em nós “o de melhor”, que a maioria das vezes é considerado pelos outros “o pior”... Só depois que conquistar o seu eu, será famoso com “todos” e isso é difícil, muito complicado.

Ás vezes Deus traz as pessoas certas, nos dias certos, nas horas certas... Quando achamos que estamos errados, nos dias errados e nas horas erradas. Para que ambos descubram que não há certo nem errado. Ou há ódio ou amor! E por fim solucionem e aprendam.

As pessoas mais próximas que admiramos, às vezes são aquelas que mais traem a nossa confiança! Mas, ás vezes é necessário buscar um outro rumo, ou ir por um outro caminho para alcançar o mesmo rumo.

Perdoar ou não... Se resolver perdoar, saiba que terá de perdoar outros erros. Se resolver não perdoar, saiba que irá encontrar outras pessoas que vão errar e vai ter que perdoar esse e os outros erros ou desistir de confiar. Desistir de confiar é um erro. Afinal de contas ás pessoas só são perfeitas porque existe um complemento fundamental em todas elas, a imperfeição.

Eu resolvi não perdoar uma pessoa bem próxima, sei que virão outras que se constituirão próximas... Que vão me decepcionar. Vou continuar a admirá-los ou não, mas eu fiz uma escolha, não fiquei sofrendo sem saber o que fazer. Aconteceu, tinha ou não de acontecer, mas aconteceu. Nesse determinado momento da minha vida resolvi “não perdoar”.

Resolvi perdoar a mim mesma pelos meus próprios erros e por isso estou de consciência tranqüila e serene como se não houvesse acontecido certa tragédia. Bem tranqüila. Resolvi que perdoar outros só porque vou ter que agüentá-los mais tempo perto, Não é bom. E que ás vezes precisamos realmente mudar de rumo. Quase sempre tendo experimentado seguir outro caminho para obter o mesmo rumo.

Aprendi que para estarmos tranqüilas com quase todos os problemas que não podemos resolver tão facilmente, temos que estar tranqüilas com nós mesmos. Temos que aceitar nossas imperfeições e que não acertamos sempre, nem que as pessoas acertam sempre. Cabe decidir perdoar-se e se vai perdoar as outras pessoas. Já perdoei a maioria, quase todos que já passaram por mim. Mas nesse caso, perdoei a mim mesma com vigor, afinal de contas o erro foi meu. Resolvi não perdoar a única até agora, senti-me traída mesmo sendo a errada. Não perdôo! Não e fácil, mas quem disse que não seria difícil?

Desconsidere esse ultimo trecho se achá-lo muito inconveniente, é tudo tão confuso. Não o obrigo a tentar entender. São apenas idéias...

Frase famosa: “- Penso, logo existo.” Mas se existo não é necessariamente porque penso... Pois existem outras coisas e pessoas que existem sem pensar. Se penso, tenho que lidar com quem pensa e quem não pensa. Aí! Nesse caso, dói muito quando nos machucamos com quem pensa que dirás quem não pensa.