quinta-feira, 12 de junho de 2008

DIA DAS MÃES (Desculpem-me a demora)



Às vezes penso estar sozinha, sozinha em meio à imensidão, sozinha como se nunca tivesse tido alguém, como se nunca fosse (de) ninguém. Às vezes penso estar sozinha e ter nascido sozinha e ter vivido sozinha, às vezes penso em meio à imensidão do mar, estar apenas em meio à imensidão do mar. Ao mergulhar sinto algo estranho, como se eu não estivesse sozinha, como se daquele mar me viessem nutrientes, de repente, como se me faltasse o ar, eu luto para sair e ao chegar fora, respiro como se a vida me fosse dada naquele único suspiro, e por medo da morte ou da vida que me fora dada, eu choro. Daí me dão uma toalha, nada mais do que alguém em especial, acolhe-me com uma toalha, mas é um específico calor que me aquece a alma, tão aconchegante que parece que o mundo não é só “meu”, pois não estou mais só. Aconchego! E é no aconchego que paro de chorar e começo a sonhar.

Na mente não um sonho com sentidos camuflados em animais ou objetos estranhos, nem mesmo me vem do subconsciente um desejo obscuro e surpreendente, tudo fez sentido, um filme onde retroagi e adiantei...

De adulta fui criança, de adolescente fui bebê...

E em todos os meus passos por mais que se sentisse só não o estava, não como pensara sempre. Houve um tempo considerável a perceber que não nasci só e por mais que me veja sentada num banco de cimento, ao cinza que me descolore as entranhas... Não posso negar que não comecei a andar sem apoio. E quem me fez andar sozinha com minhas próprias pernas, ainda assim não me deixou só. Pois, mesmo usando-as ainda não sei usá-las, ninguém sabe. Posso derrapar e é nestas horas que passo a ver o quanto não estou só mesmo que me desprezem a queda, e não dêem o valor que eu inferir nela. Mesmo que não compreendam o porquê prossegui no meu caminho de armadilhas... Estão lá, não são de barro, não são de vidro, nem costurados, alinhavados... Tanto posso estar entre esculturas, estátuas, bonecos e me sentir acompanhada, como posso estar dentre carne e osso sentindo-me mais aérea e desconcentrada, centrada, desacompanhada...

E vice e versa. Assim, às vezes penso estar sozinha, sozinha em meio à imensidão, sozinha como se nunca tivesse tido alguém, como se nunca fosse (de) ninguém. Às vezes penso estar sozinha e ter nascido sozinha e ter vivido sozinha, às vezes penso em meio à imensidão do mar, estar apenas em meio à imensidão do mar. Mas ao mergulhar, ah! Ao mergulhar... É como se voltasse no tempo, tempo em que nem sei o que pensava... Nem mesmo tinha fala, escrita, horas, passos, palavras, só sentia...

Sentia o que ninguém me explica ter sentido, pois não faz sentido, não há sentido, não existe explicação para o sentido, pois o sentido, quem sente não sabe explicar. E é por isso que apenas deveria entre frases com ou sem nexo dizer apenas “Eu te amo” e poupar-lhe da decifração incômoda do sutil e simples que não consigo descrever ou escrever.

Não consigo de tal modo, que me parece “eu te amo” ser a mais reles expressão que poderia proferir... Meus atos me condenam pra você, que eu seja a menos indicada a tais palavras, por isso, elas não me vieram a ponto de saber como usá-las. Tu não julgas a ponto de me condenar a um destino tão cruel, mas para que meu destino seja belo, temo passar pelo feio e tu me ajudas a isso. E o meu temor se dissipa ao me tornar dona dos meus passos.

E nesse momento penso estar sozinha, sozinha em meio à imensidão, sozinha como se nunca tivesse tido alguém, como se nunca fosse (de) ninguém. Ás vezes penso estar sozinha e ter nascido sozinha e ter vivido sozinha, às vezes penso em meio à imensidão do mar, estar apenas em meio à imensidão do mar. Ao mergulhar, sinto algo estranho...

O que eu sinto é estranho... E nem quero imaginar o que isso significa, sentir é o supra-sumo dos enigmas. Por mais que me tenha como só, nunca estaria, pois não nasci sozinha. E as lembranças fazem do homem o ser cálido, na sua total compleição. O ser humano estar-se-á sempre à mercê dos olhares, sentimentos, inspirações, ilusões, deduções, palavras e gestos de outrem... Mesmo que, se sinta completamente só.




NADA DO QUE EU DISSER OU FIZER, PENSAR OU PRESUPOR, PODE DUVIDAR DO QUANTO SEUS ERROS E ACERTOS HUMANOS QUISERAM, SOBRETUDO, O MEU PROGRESSO.

SE VIAJAR AO FIM DO MUNDO, SEI QUE EM TEUS BRAÇOS REGRESSO. ÚMIDA, TRÊMULA, APARENTEMENTE SÓ. MAS, SEMPRE TERÁS PARA MIM O ACONHEGO, NEM QUE SEJA DUMA TOALHA. POIS, O CALOR NÃO VEM DELA. EXISTIRÁ SEMPRE UM ESPECÍFICO E ÚNICO CALOR QUE ME AQUEÇERÁ A ALMA.

Enigmaticamente Feliz dia das Mães!

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